CGD França em greve

Greve na Caixa Geral de Depósitos.
Os sindicatos maioritários da Caixa Geral de Depósitos em França, constituídos em Intersindical, informam a comunicação social que os trabalhadores da instituição bancária em França iniciaram hoje o terceiro dia da greve ilimitada a partir de terça-feira, votada por quase unanimidade pelos assalariados presentes na Assembleia Geral convocada pelos sindicatos no passado dia 12 de abril.

A Intersindical vem reiterar as razões pelas quais não acedeu ao pedido de desmobilização da greve formulado no dia 16 (através de vísio-conferência) pelo membro da comissão executiva da CGD com o pelouro da Sucursal, José João Guilherme e pelo Diretor dos Recursos Humanos do Grupo enviado no mesmo dia para França.

Com efeito, por um lado, os sindicatos maioritários da Instituição não se sentem legitimados para trair o voto de uma Assembleia Geral de Trabalhadores que é soberana; por outro lado, aguardam respostas concretas e formais às questões que estão em cima da mesa, as quais, já fizeram objeto de uma carta aberta ao presidente da Comissão Executiva da CGD, Paulo Macedo, no dia 17 de maio do ano passado que ficou até hoje sem resposta.

Em cima da mesa está : a questão da alienação da Sucursal, prevista no plano de reestruturação acordado entre o Governo português e a DGComp que a Comissão Executiva recusa comunicar às instâncias representativas do pessoal da Sucursal em violação da lei; a preservação dos postos de trabalho; a  pletora de projetos que sob pretexto da modernização da Sucursal têm absorvido rios de dinheiro, ao mesmo tempo que provocam constantes disfuncionamentos com impacto  na saúde física e mental dos trabalhadores e na qualidade do serviço prestado à clientela; a questão salarial que parece ausente da política de recursos humanos de uma  Sucursal que contribuiu de forma avultada para os resultados do Grupo; enfim, o respeito pela comunidade emigrante a braços, desde pelo menos um ano,  com informações completamente contraditórias sobre o futuro do seu banco em França.

O facto de os sindicatos minoritários CGT e CFDT, não terem respeitado o voto soberano dos trabalhadores na Assembleia Geral e apelarem ostensivamente à desmobilização, não impediu que o movimento de greve se prosseguisse e  se amplificasse,  em clima de grande determinação, com mais  de um terço das agências fechadas hoje e outro terço a trabalhar em sub efetivo sendo que o peso dos trabalhadores em greve  em relação ao  pessoal presente na instituição (em França estão a decorrer férias escolares que se prolongarão ainda na próxima semana), ultrapassa os 60%.

O facto de muitas agências estarem a funcionar com efetivos reduzidos e contratos a prazo (que constituem 10% do total dos efetivos da Sucursal nos últimos dois anos), levou a intersindical a alertar para a potencial ocorrência de riscos operacionais e riscos de segurança dos trabalhadores, advertindo, para além da Direção Geral da CGD em França e os membros da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da instituição em Lisboa, o Banco de Portugal a Autoridade de Controlo Prudencial e de Resolução (supervisão) em França (ACPR), bem como a Inspeção do Trabalho francesa.

Por fim, os  sindicatos maioritários da Frente Sindical FO (Força Operária) e CFTC (Confederação Francesa dos Trabalhadores Cristãos) esperam que a reunião prevista para amanhã, ainda sem horário marcado,  da Comissão de Negociação eleita em Assembleia Geral com o  administrador com o pelouro da Sucursal de França, José João Guilherme, cuja deslocação a França foi anunciada pelo próprio desde a passada segunda-feira , decorra com boa fé e se traduza em  avanços concretos para o bem da Sucursal, dos seus trabalhadores, da banca pública em geral  e da importante emigração portuguesa neste país.

A Frente Sindical FO-CFTC confessa a sua total incompreensão perante  o facto de as rédeas da Sucursal de França terem sido dadas e continuarem a ser mantidas nas mãos de dirigentes que já tiveram responsabilidades executivas no Banco Caixa Geral em Espanha - onde a CGD queimou milhões e milhões de euros – e  considera que o silêncio ensurdecedor de Lisboa perante  os alertas que tem vindo a emitir sobre a gestão desastrosa da Sucursal França, é um cheque em branco que a C. Executiva   e o C. de Administração   da CGD,  têm dado aos dirigentes de Paris  para continuarem a sua obra de destruição do banco público em França, situação que acha intolerável e contra a qual continuará a lutar.

Votada na Assembleia Geral de quarta-feira 18, para os dois dias seguintes, a greve mantem-se amanhã, 20 de abril, na Sucursal francesa da CGD.
Paris, 19 de abril de 2018

Intersindical FO e CFTC
Caixa Geral de Depósitos
Sucursal de França